quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Varg Vikernes



Kristian "Varg" Vikernes (1973-) (ou Count Grishnackh) é o vocalista e fundador da já extinta banda de black metal, Burzum. Foi também baixista do Mayhem no álbum “De Mysteriis Dom Sathanas”, lançado pela primeira vez 1994. Seu primeiro álbum com o Burzum, intitulado “Burzum” foi lançado pela Deathlike Silence, em 1992.

Em 1993,Vikernes assassinou Euronymous a facadas. Ao todo foram 23, em torno de suas costas e cabeça.Vikernes chegou de madrugada na casa de Euronymous e bateu à porta. Euronymous a abriu e o convidou para entrar, após uma discussão, Euronymous agrediu Varg com um chute no peito, e pegou uma faca, Varg para se defender pegou sua faca de bota e esfaqueou Euronymous.

Após a morte de Euronymous, Varg foi condenado a 21 anos de prisão. Na prisão, dedicou alguns anos ao Burzum mas logo o extingüiu, lançando apenas dois álbuns somente com sons de teclado, o "Dauði Baldrs" e o "Hliðskjálf".

Varg deixou a cadeia recentemente após cumprir pena por quase 16 anos.


KM = Karl Milton Hartveit



VV = Varg Vikernes (Conde Grishnachk)


KM (Introdução) - Durante uma noite, no fim de março, eu falei com o Conde. Ele me surpreendeu, sendo uma pessoa fria e eloqüente que se expressava clara e inteligentemente. Ele respondeu às minhas questões precisamente e deixou bem claro o que ele queria responder e o que não queria. Ele demonstrou uma sabedoria convincente sobre mágica e tradições satânicas e ele formulava seus pensamentos com uma velocidade e inteligência que não se encontra facilmente em um charlatão. Eu declarei que estava trabalhando em um livro sobre satanismo e ele, sem hesitar, disse que eu poderia usar esta entrevista em meu livro. Um assunto recorrente durante a conversa foi o desejo intenso do Conde em destruir e arruinar tudo aquilo que é bom e harmônico. O fato de ele ter falado comigo em bergensk (um dialeto norueguês falado em Bergern, cidade do Conde) apenas contribuiu para aumentar ainda mais o horror trazido por sua mensagem.

VV - Bom, eu não estou tão interessado em entrevistas como no passado. As revistas distorceram minhas palavras. Eu acho essa coisa de concentrar todo o pensamento negativo em uma pessoa só é errado, não estou nesse negócio por dinheiro, fama ou fãs. Eu vejo o Burzum como um sonho sem alicerce na realidade. Foi feito para estimular a fantasia dos mortais, fazê-los sonhar. Estou cansado de ser mal interpretado pela mídia. Tudo o que escrevem sobre mim está cheio de erros, como esta merda sobre "Nidarosdomen", a igreja que eu deveria explodir com dinamite. Quem falou isso para eles? Eu nunca ouvi falar nesta maldita igreja!

KM - Qual o objetivo de sua cruzada?

VV - Nós queremos criar o maior medo possível, caos e agonia para que esta sociedade idiota e amigável cristã possa ser destruída. Nós não estamos realmente interessados na revelação da verdade. Quando divulgamos mentira, causamos confusão; confusão leva ao caos, e finalmente à destruição que queremos. As pessoas devem ser oprimidas e nós apoiamos tudo aquilo que oprime o homem e tira dele seus sentimentos como pessoas individuais. É por esta razão que gostamos de saber que o cristianismo é poderoso... Ele oprime pessoas e todos acham que está tudo bem.

KM - Quais são seus sentimentos em relação aos praticantes da chamada "Magia Branca"?

VV - Eles são todos estúpidos e inocentes. Eles trabalham pelo bem e nós somos totalmente contra isso. Nós queremos espalhar caos e destruição.

KM - Qual sua opinião sobre Anton LeVay e seus seguidores?

VV - Anton LeVay é um idiota e as coisas que ele representa não tem nada a ver com satanismo. Ele representa o benefício próprio e egoísmo se apoiando no satanismo. Aleister Crowley também era uma farsa. Ele era tão aficionado por sexo que perdeu a verdadeira mágica.

KM - Você pode dar exemplos de como espalha caos e destruição?

VV - Através de nossa música. Ela desmantela a alma do ouvinte, e através dela espalhamos morte e devastação. Nós gostamos disso.

KM - Eu não entendo, você não gosta das músicas que você cria?

VV - Nós gostamos daquilo que ajuda a destruir o bem e pessoas estúpidas, e, portanto gostamos de nossa música.

KM - Você fala como se pertencesse a uma sociedade secreta, a uma elite no mundo. O quê é e quem faz parte desta elite?

VV - É um pequeno grupo de pessoas que cultuam o mal, você pode chamar o mal de Satã, mas este é um conceito desgastado e insípido que tem sido usado incorretamente tanto pela mídia como pela cultura cristã. Nós queremos o mal para ganhar mais poder no mundo e isso só conseguimos sendo maus. Quando simples humanos criam o mal, o poder do mal no mundo fica mais forte. Eu não vejo nada de extremista em meu ponto de vista. O que os idiotas chamam de mal, eu chamo de razão verdadeira da sobrevivência. A luta é evolução, paz é degeneração. Apenas os cegos podem negar!

KM - Você usa contatos com poderes sobrenaturais?

VV - Eu não quero falar sobre isso, mas demônios e poderes invisíveis existem e podem ser usados.

KM - Quantos de vocês existem e como estão organizados?

VV - Eu não conseguiria dizer a você quantos somos, mas existimos na maioria dos países do mundo. Apenas em países pequenos e isolados, como a Albânia, nós ainda não conseguimos nos estabelecer. Temos contato próximo entre nós e trabalhamos pelo mesmo objetivo.

KM - Vocês têm membros nas grandes cidades da Noruega?

VV - Sim, em muitas cidades.

KM - A sua organização tem um nome?

VV - Nós nos chamamos de Black Circle e somos organizados em um círculo central (Inner Circle) e vários outros círculos periféricos (Outer Circles). Aqueles que estão nos círculos periféricos são apenas usados para chegarmos aos nossos objetivos. Apenas nós pertencemos ao círculo central, que temos conhecimento completo daquilo que estamos querendo.

KM - Você diz que vocês usam pessoas e que espalham destruição, medo e ódio. Vocês não respeitam as leis e regras da sociedade?

VV - Não! Por quê deveríamos? Nós temos nossas próprias leis e não ligamos muito para as regras impostas pela sociedade.

KM - Vocês deliberadamente quebram as leis da sociedade?

VV - Não posso dizer isso, é um crime.

KM - Mas em princípio?

VV - Em princípio não temos nenhum escrúpulo em relação a quebrar as leis da sociedade. Estas leis pertencem a uma sociedade que estamos lutando para destruir.

KM - Você se vê como um rebelde?

VV - Não, nós não somos rebeldes. Nós apenas queremos destruir e espalhar o mal.

KM - Que tipos de rituais vocês praticam?

VV - Nós temos vários, mas não vou falar nada sobre eles.

KM - Os sacrifícios de sangue são parte importante destes rituais?

VV - É claro, o sangue é o poder da vida e é central aos rituais.

KM - Vocês sacrificam animais?

VV - Sim.

KM - Vocês sacrificam humanos?

VV - Isso é um crime.

KM - Mas em princípio?

VV - Em princípio não temos nenhum escrúpulo quanto ao sacrifício humano.

KM - E vocês já fizeram sacrifícios humanos?

VV - Eu não vou falar nada sobre isso.

KM - Eu não entendo. Por que você deu aquela entrevista reveladora a Bergens Tidende?

VV - Porque aquele jornalista estava me irritando e nós já tínhamos revelado parte de nossas atividades. O que eu disse naquela entrevista não era nada de novo.

KM - Mas você disse que pôs fogo em Fantoft Stavkirke e Asane Kirke.

VV - Não! Eu fui completamente mal-entendido e distorcido. Eu disse que alguém de nosso grupo sabia como os incêndios haviam começado, nada mais.

KM - Então você não teve nada a ver com estes incêndios?

VV - Eu não vou responder.

KM - Por quanto tempo você esteve envolvido no satanismo? Quando você começou a ter estes pensamentos que falou?

VV - Eu sempre os tive. Basicamente, eu sou um devoto de Odin, o deus da guerra e morte. Burzum existe exclusivamente para Odin, o inimigo de um olho do deus cristão. Desde que eu me lembro, eu odiei pessoas boas e generosas. Quando eu era um menino eu via as pessoas que estavam bem e curtindo a vida e aquilo me machucava, eu queria arruinar aquelas vidas. É isto que eu estou tentando fazer agora.

KM (Conclusão) - Grishnackh fundou o Burzum no começo de 1987, quando ele tinha apenas 14 anos, com o nome Uruk-hai. O Burzum teve então uma pausa de um ano da metade de 1990 à metade de 1991, quando o Conde, junto com Demonaz e Abbath do Immortal tocaram em uma banda chamada Satanael. Ele também tocou guitarra em uma banda de Death Metal chamada Old Funeral. Quando o Satanael acabou, Grishnachk continuou com o Uruk-hai e mudou o nome para Burzum em Agosto de 1991. "Eu sempre evitei me envolver com outros músicos no Burzum, sou muito individualista para isso. Você pode chamar de intolerância e egoísmo... Na verdade, eu tive um baixista por alguns meses em 1992, mas eu o chutei!" O Burzum lançou três álbuns por enquanto: o "debut" ("o álbum mais primitivo e cheio de ódio) em março de 1992, o EP Aske (" o álbum rock and roll ") em março de 1993 e o Det Som Engang Var ("o mais pesado e mais estranho") em setembro de 1993. Um outro álbum, "Filosofem", vai ser lançado mais tarde neste ano e de acordo com Grishnachk é "depressivo, transcendental e sem nenhuma dúvida o melhor de todos".





ENTREVISTA 2






BJ = Björn Hallberg


VV = Varg Vikernes


BJ - Por favor me diga seu nome completo, idade e local onde se encontra.

VV - Meu nome completo é Varg Vikernes. Nasci no dia 11 de fevereiro de 1973, e no momento estou na prisão Trondheim.

BJ - Qual o motivo EXATO de sua condenação?

VV - Eu fui condenado por: roubo e possesão de 125kg de dinamite e 26kg de glinite (outro tipo de explosivos); incêndio premeditado de quatro templos judeus (igrejas), dos quais três queimaram até virarem cinzas; três casos de invasão de propriedades privadas (em busca de armas, alguns disseram); assassinato em primeiro grau (apesar de ter sido um assassinato em segundo grau na verdade); e... bem, acho que isso é tudo.

Eu fui acusado também de ter incendiado um quinto templo judeu (Fantoft Stavechurch); um ou dois casos de violação de túmulos; e eles também apreenderam aproximadamente 3000 balas de rifle e pistolas (mas a polícia apenas pegou essa munição, e nem ao menos mencionou-a na lista de itens confiscados). Eu fui considerado inocente no incêndio da igreja Fantoft, e o próprio promotor chegou a aconselhar o juri a não me considerar culpado destas acusações - simplesmente porque eram muito ridículas e porque não havia prova alguma de que eu tinha feito coisas como essas, como violar túmulos!

Eu mesmo disse à corte que eu era culpado do roubo e posse da dinamite/glinite, e também confessei que era culpado de "homicídio doloso" em defesa própria. Eu quis dizer que foi algo em defesa própria, mas depois entendi que na visão deles, no sistema legal deles, era chamado legalmente de "homicídio doloso", já que eu não estava mais em uma posição onde minha vida estava DIRETAMENTE ameaçada, pois o Aarseth (o cara que eu matei) estava fugindo de seu apartamento quando eu o matei.

Não houve prova nenhuma em NENHUM dos casos de que fui acusado, a não ser na história da dinamite/glinite, é claro... Afinal eles encontraram 150kg de explosivos no meu sótão...

Em todos os outros casos eu fui considerado culpado apenas porque haviam UMA ou DUAS testemunhas em cada caso, dizendo que eu tinha feito aquilo, ou estado lá, ou coisas do tipo. Algumas provas eram tão fracas que meu novo advogado disse que estava surpreso por eu ter sido preso com base nelas. Em um caso era ÓBVIO que eu não tinha cometido o crime (o caso Åsane Kirke). Então, eu diria que fui condenado mesmo sem ninguém ter prova nenhuma contra mim!

BJ - Você diz que o fundador do Mayhem, Oystein Aarseth foi assassinado em defesa própria? Por que motivo ele queria matar você, então?

VV - Ele queria me matar por várias razões. Eu saí de sua gravadora, e fazendo isso o deixei apenas com algumas bandas que vendiam muito pouco (Abruptum, e algumas outras merdas). Eu fiz ele parecer um idiota completo em várias ocasiões, por exemplo, eu dava risada na frente dele enquanto desmascarava todas as mentiras que ele contava. Eu comecei a espalhar propaganda racista em nosso meio. Mas, o que é mais importante, eu comecei a ser mais interessante para a mídia do que ele. Por alguma razão era muito importante para ele ser "o centro" de tudo. Eu ganhava mais atenção porque de fato FAZIA as coisas que dizia, enquanto ele apenas ficava falando e falando - então depois de um tempo ninguém mais o levava a sério, pois todos viam que ele era apenas uma pessoa com muita conversa e nenhuma ação. Ele me culpava por isso, já que eu era a pessoa - ele acreditava - responsável por fazê-lo parecer um covarde (o que ele era, é claro).

Você deve se lembrar de que ele foi "o centro" do movimento por um longo tempo; ele tinha 25 anos de idade, enquanto eu tinha apenas 19 (e 20 quando o matei), e ele ficou seriamente ofendido quando as pessoas começaram a me ouvir ao invés de ouvir a ele. Ele era um comunista, e odiava o fato de que "todo mundo" estava muito mais interessado no meu nacionalismo e minha visão racista - isto é, depois de um tempo, é claro. Ele não gostou do jeito que as coisas se desenrolaram e queria acabar com isso, me matando. Primeiro ele tentou encontrar provas contra mim por vários crimes que ele "sabia" que eu tinha cometido, mas ele não conseguiu encontrar nada.

A razão pela qual eu o desrespeitava era simplesmente esta: ele era completamente incompetente e incapaz de administrar sua gravadora com eficiência. Ele era cheio de grandes palavras e nunca fazia nada daquilo que prometia. Ele tinha verdadeira obsessão por seus pensamentos "Satanistas", enquanto eu queria espalhar o Odinismo na cena (e ele me odiava por isso também). Ele era ridículo, via filmes pornô o tempo todo, e nós até mesmo desconfiávamos que ele era bisexual ou homossexual! Eu não queria saber de nada que tinha a ver com ele, e eu nunca fiz nada de vontade própria para esconder meu ódio por ele. Ele era um porco, e eu dizia isso a "todo mundo"!

Eu estava meio puto porque tinha gastado muito tempo, fé e energia em sua gravadora, e tudo foi desperdiçado! Eu era jovem, certo, mas ainda me sentia um idiota por ter acreditado em sua gravadora no começo.

Resumindo, eu tinha muitos motivos para odiá-lo, e por causa do meu modo de lidar com este ódio (que era respeitado por "todo mundo") ele também tinha muitos motivos para me odiar; eu disse a verdade sobre ele, e com certeza a verdade muitas vezes é desconfortável!

Eu disse - e ainda digo - que eu o matei em defesa própria simplesmente porque foi ele quem me atacou, e não o contrário, quando eu apareci em seu apartamento naquela noite para dizer a ele "parar de me encher o saco" (para colocar em palavras claras). Ele queria me torturar até a morte, filmando tudo e vendendo o filme para outras pessoas - e eu sabia disso porque um amigo dele me contou. Ele me atacou e tentou me matar (com uma faca). Por pouco ele não conseguiu, mas eu sabia que se eu não acabasse com "o show" lá eu estaria apenas dando a ele uma segunda chance e é claro que eu não vi nenhum motivo para deixar isto acontecer. E se ele tivesse mais sorte na segunda vez? É por isso que eu digo que foi em defesa própria. No começo era defesa própria, até mesmo legalmente, mas quando ele começou a fugir não era mais legalmente defesa própria, e então eu chamo este assassinato de "ação preventiva", "defesa própria preventiva".

BJ - Houve uma história alguns anos atrás de uma garota (Maria, ou algo do tipo), que botou fogo na casa do vocalista da banda sueca Therion perto de Estocolmo... Você ainda não quer comentar este fato?

VV - O que você quer dizer com "ainda não quer comentar"? De qualquer modo, eu não consigo entender o que isto tem a ver comigo. Essa garota (Suvi Marjatta, e não Maria) pôs fogo na casa desse cara do Therion uma semana DEPOIS de eu ter estado na Suécia. Eu acho que autografei um álbum do Burzum para este cara do Therion, por brincadeira, porque ela (Suvi M.) sabia onde eles ensaiavam e disse que podia entregar o álbum para este cara.

De qualquer modo, ela incendiou a porta da casa da família dele, e depois pregou meu álbum autografado na parede (eu acho)! Depois ela me ligou, quando eu já estava na Noruega, e me disse o que tinha feito. É claro que eu achei que ela estava doida (e estava mesmo; eu acho que ela está em um hospital para doentes mentais agora), e também um pouco engraçado. Nós (na Noruega) não levamos isso muito a sério, talvez devêssemos dar mais atenção ao fato, mas nós realmente pensávamos que era um tipo de piada. Então eu escrevi uma carta para o Therion dizendo algo do tipo "eu acho que perdi uma caixa de fósforos quando estive na Suécia, ha ha", alguma coisa assim.

Eu autografei o álbum porque nós não gostávamos do Therion, porque eles queriam ser "Rock Stars", e levavam a banda muito a sério, então foi uma espécie de brincadeira com isso - eu assinei o nosso "debut" como se fosse um Rock Star e o entreguei para ele (como se fosse "óbvio" que ele gostaria de uma cópia autografada). É claro que era irônico e também uma piada, mas nem preciso dizer que a tal Suvi M. "exagerou" um pouco...

Resumindo, este incêndio não teve realmente nada a ver comigo, e desde o começo era apenas uma brincadeira. Eu queria na verdade entregar o álbum pessoalmente, mas nós ficamos sem dinheiro quando estávamos lá (eu e um cara do Abruptum), então nós não tínhamos gasolina suficiente para ir até onde eles ensaiavam (mais ou menos uma hora de carro de onde nós estávamos). Foi assim que essa garota entrou na história. Ela poderia entregar o álbum por mim.

Eu tive que agüentar um monte de merda por causa disso, com algumas pessoas dizendo que eu "mandei minha namorada" botar fogo na casa dele, porque eu era muito covarde para fazê-lo por mim mesmo, e até mesmo que na próxima vez eu mandaria meu cachorro e assim por diante. No entanto, como você pode ver toda essa coisa tem pouco a ver com as versões apresentadas nestas revistas sobre Metal. Este caso me garantiu umas risadas, é claro. É incrível como podem inventar coisas sobre uma coisa tão pequena como este incidente...

BJ - O que é o Black Circle? Você ainda é ativo nele?

VV - Ha ha, eu estou surpreso por AINDA me perguntarem isso. NUNCA existiu um "Black Circle", exceto na cabeça de Aarseth/Euronymous, que queria se fazer mais interessante criando algo como um "misterioso Black Circle". Era apenas um produto da fantasia dele que nunca existiu. As revistas de música britânicas engoliram esta história estúpida, ou apenas fingiram acreditar para ter alguma coisa sobre o que escrever. Eu não sei.

Apesar disso, eu devo dizer que nós - outros caras que tocavam metal - também "encenávamos" e não fazíamos nada para desmentir a existência deste "Black Circle", não fazíamos nada para espalhar que era apenas um produto da imaginação de Aarseth.

Agora que eu estou falando sobre isso, posso dizer que esta foi mais uma das "mentiras de Aarseth" que eu fiz questão de desmascarar, e uma outra razão para ele me odiar - ou me matar antes de parecer um idiota completo ao mundo.

Skinhead



Skinhead é o nome de uma subcultura caracterizada pelo corte de cabelo muito curto ou raspado (há algumas exceções), um estilo particular de se vestir (que costuma incluir botas e/ou suspensórios), o culto à virilidade, ao futebol e ao hábito de beber cerveja. A cultura skinhead é também ligada à música, especialmente ska, skinhead reggae e streetpunk/oi!, mas também punk rock e hardcore. Suas origens remetem ao Reino Unido na década de 1960, onde são proximamente ligados com os rude boys e os Mod da Inglaterra.


Histórico


Derivada da cultura Mod, as primeiras manifestações desta cultura ocorreram por volta de 1967, alcançando o seu primeiro auge em 1969. Este período é chamado nostalgicamente pelos próprios skinheads como "espírito de 69" (ou "spirit of 69", termo cunhado na década de 1980 pela gangue Spy Kids). Eram majoritariamente formados por brancos e negros (estes últimos em sua maioria imigrantes jamaicanos) que frequentavam juntos clubes de soul e reggae, andavam em gangues e se vestiam de uma forma muito particular, em especial pelo corte de cabelo muito curto (daí o nome skinhead, que traduz-se grosseiramente como "cabeça pelada").

Os skinheads ganharam notoriedade nos jornais e na cultura popular da época por muitos deles promoverem confrontos nos estádios de futebol (o chamado hooliganismo) e alguns deles participarem de agressões contra imigrantes paquistaneses e asiáticos. No entanto, muitas das gangues xenófobas anti-asiáticos detestavam os grupos neonazistas e repudiavam o racismo contra negros, como foi o caso da gangue da década de 1970, Tilbury Skins, fundadora da Liga Anti-Paquistaneses e no entanto um grupo anti-nazista. Numa entrevista do livro Skinhead Nation, Mick, membro de uma das gangues skinheads Trojan, diz:

"Não há como sermos nazistas. Meu pai enfrentou nazistas na guerra. Todos nossos pais ajudaram. APL (Anti-Paki League, ou, Liga Anti-Paquistaneses) é específica. Só porque eu odeio Paquistaneses, isso não me torna um nazista!".


No final da década de 1970 houve uma "segunda geração" skinhead, decorrente da agitação provocada pela cultura punk e que acabou desencadeando um grande interesse por outros movimentos juvenis do passado, como os mods, teddy boys e skinheads. A geração anterior ("espírito de 69") tinha como uma de suas características a ligação com a música jamaicana, principalmente o reggae, o rocksteady e o ska.

Com o surgimento da "revolução musical" do punk rock e sua ética de faça-você-mesmo, muitos skinheads se agregaram ao emergente streetpunk/oi!, que abrange tanto os aspectos musicais quanto culturais. Isso no entanto não significou o abandono do reggae e do ska. Nos anos 1980 muitos skinheads tornam-se grandes adeptos do ska chamado "Two Tone" ("dois tons", em referência às cores preta e branca — simbolizando a união de raças).



Fragmentação

 
A partir da década de 1980, a constante pressão da mídia acerca da infiltração do preconceito racial dentro da cultura skinhead (infiltração promovida por uma política deliberada do partido de extrema-direita National Front), somada ao surgimento de um engajamento político dentro desta cultura (tanto à esquerda quanto à direita, além do anarquismo) resultou na fragmentação em vários submovimentos rivais. Desde então, constantemente estes grupos não reconhecem uns aos outros como verdadeiros representantes da cultura skinhead, e é comum que cheguem a se enfrentar fisicamente.

Entre os principais atritos estão as divergências explícitas como entre esquerdistas e direitistas, racistas e não-racistas, politizados e apolíticos. Mas também há grande hostilidade entre um grupo de divergência sutil como os nazistas, conservadores xenófobos e defensores de uma supremacia racial branca, anti-semitas e neonazistas.


 
Características:
 
A cultura skinhead da década de 1960 era formada majoritariamente por jovens da classe operária britânica. O vestuário skinhead, com botas e suspensórios, reflete em certa medida a indumentária operária da Inglaterra desta época.

Existem diversas particularidades culturais e ideológicas que definem diferentes tipos de skinheads.

No aspecto geral:

Os tradicionais, ou trads, que estão mais intimamente ligado aos costumes da década de 1960, especialmente a versão inglesa dos rude-boys.



Os boot-boys (mais tarde chamados de skinhead Oi! ou simplesmente skinhead), forma exagerada e quase caricatural do estilo tradicional e que se tornou a vertente mais comum a partir da década de 1980.


Os casuais são uma continuação da evolução skinhead, que evoluiram dos hooligans. O estilo ganhou força nos tempos em que se foi proibida a entrada de pessoas com botas dentro dos estádios de futebol, o que obrigou os skins fanáticos pela bolinha, e também por brigas futebolísticas, a diversificar um pouco seu vestuário, trocando as botas pelo tênis. Com o passar dos tempos o visual dos casuais também evoluiu e ganhou características próprias, sendo utilizado como disfarce para brigas entre hooligans.


Outros grupos de curta existência como smoothies, suedeheads, crombie boy e outros.


Nas divergências ideológicas (iniciadas na década de 1980):



Os chamados apolíticos, que se alienam deliberadamente das questões ideológicas da cultura skinhead, travando relações com qualquer dos grupos abaixo (no Brasil, esse tipo é comum em Curitiba).



Os white power (ou bonehead, como são chamados pejorativamente dentro da cultura skinhead) são defensores da ideologia neo-nazista ou racialista. Sua origem é o sucesso da banda neo-nazista Skrewdriver e a as ações das organizações também neo-nazistas National Front e British Movement que a partir de então aproveitaram da xenofobia (o chamado paki-bash, espancamento de paquistaneses e outros asiáticos) e nacionalismo despolitizado de alguns skinheads para organizar alguns indivíduos brancos num movimento branco-separatista.


Os SHARP, abreviação de Skinheads Against Racial Prejudice ("skinheads contra o preconceito racial"), originalmente um grupo de combate aos white-powers e mais tarde, com a difusão do movimento racista, uma forma de identificar um skinhead como não-racista.


Os RASH, Red and Anarchists Skinheads ("skinheads vermelhos e anarquistas"), que promoviam ideologias esquerdistas a princípio como mais uma forma de combate aos white power e mais tarde também como forma de combater o caráter direitista da fase politizada da cultura skinhead em geral.


 
Música:
 
 
A subcultura skinhead era originalmente associada a gêneros de músicas como o soul, ska, rocksteady e reggae. A ligação entre skinheads e a música jamaicana levou-os a desenvolver o gênero skinhead reggae, utilizado por artistas como Desmond Dekker, Derrick Morgan, Laurel Aitken, Symarip e The Pioneers.
No começo da década de 1970, alguns suedeheads também ouviam bandas britânicas de glam rock como The Sweet, Slade e Mott the Hoople. O estilo de música mais popular entre os skinheads no final da década de 1970 era 2 Tone, que era uma fusão musical do ska, rocksteady, reggae, pop e punk rock. O gênero 2 Tone, recebe esse nome como referência a uma gravadora em Coventry, Inglaterra que trabalhava com bandas como The Specials, Madness e The Selecter. Durante este mesmo tempo, porém, a música reggae começou expressar pensamentos de libertação e de sensibilização negra, algo que os skinheads brancos não estariam relacionados (Brown, 2004). Estas mudanças na música era a ameaça de excluir jovens brancos que criou tensões entre a preto e branco que de outra skinheads começou bastante bem ao longo (Hebdige, 1979, pg 58). Isto significa também que a própria música começou a evoluir para formas cada vez menos reggae componentes.